Aprender a operar os andamentos processuais do Direito é uma tarefa muito distante do que se ensina nas faculdades jurídicas e está alcance de milhões de profissionais.
As etapas de aprendizagem no treinamento de adultos
Mergulhamos no estudo da pedagogia e da psicologia, a fim de entender como se esquematizam o trabalho intelectual e o que representa maior complexidade para os indivíduos.
Inclusive porque este é um fator essencial na definição da pontuação por tarefas.
Piaget divide a organização mental do conhecimento em duas fases relevantes para humanos de qualquer idade:
- Assimilação;
- Acomodação.
As duas funcionam como “ferramentas do conhecimento”.
A Assimilação serve para o humano adquirir nova informação.
Basicamente, ao ter o primeiro contato com um objeto, informação, conhecimento ou sistema, a assimilação é ativada.
Piaget dá o exemplo do bebê, que ao ver uma mesa vai assimilar que se trata de algo igual ao seu berço apenas pela forma.
Algo parecido ocorre com usuários de software que entram em contato com um novo software pela primeira vez, pois assimilam que se trata de um software mas apenas pela forma, sem identificar imediatamente para o que serve e como usá-lo.
A diferença é que o adulto possui vários esquemas, informações e sistemas na sua consciência que o ajudam a compreender melhor as circunstâncias, mas o processo de assimilação é o mesmo.
A Acomodação serve para o humano diferenciar informações semelhantes, criando sistemas mentais e organizando seu conhecimento.
No exemplo de Piaget, é preciso que outro humano que tenha conhecimento sobre a diferença entre o berço e a mesa intervenha, mostrando ao bebê suas diferenças de utilidade, aprimoramento e comparação.
No exemplo do software a acomodação é semelhante, mas o adulto pode buscar a informação sozinho por ter um repertório de sistemas que o habilita a isso.
Porém, nem sempre isso irá acontecer, pois isso gera desconforto nos sistemas de acomodação já estabelecidos. É a chamada zona de conforto.
Ciclo de Aprendizagem – Andragogia e não pedagogia
Andragogia é a arte de ensinar aos adultos, que não são aprendizes sem experiência, pois o conhecimento vem da realidade (escola da vida).
O aprendizado é factível e aplicável
Aprendizagem do serviço jurídico para adultos deve usar meios que atendam os diferentes estilos de aprendizado: visual, auditivo e cinestésico
O aluno busca desafios e soluções de problemas, que farão diferenças em suas vidas profissionais. Busca na realidade acadêmica realização tanto profissional como pessoal, e aprende melhor quando o assunto é de valor imediato.
O aluno adulto aprende com seus próprios erros e acertos e tem imediata consciência do que não sabe e o quanto a falta de conhecimento o prejudica.
Precisamos ter a capacidade de compreender que na educação dos adultos o currículo deve ser estabelecido em função da necessidade dos estudantes, pois são indivíduos independentes autodirecionados.
A educação de adultos embasada em um modelo andragógico tem como princípios:
- A necessidade dos adultos em saber a finalidade, o “porque” de certos conteúdos e aprendizagens;
- A facilidade dos adultos em aprender pela experiência;
- A percepção dos adultos sobre a aprendizagem como resolução de problemas;
- A motivação para aprender é maior se for interna (necessidade individual), e se o conteúdo a ser aprendido ser de aplicação imediata;
- Os adultos trazem uma bagagem de experiências que podem contribuir para sua própria aprendizagem.
No modelo de educação andragógico, os alunos participam das diversas fases do processo de ensino-aprendizagem, tais como:
- Diagnóstico das necessidades educativas;
- Elaboração de plano e estabelecimento de objetivos a partir do diagnóstico;
- Formas de avaliação.
A metodologia é voltada para a participação ativa dos alunos
A tendência da maioria das pessoas é se manter no estado de “santa inocência”, pois é um lugar confortável e seguro, livre de responsabilidades e esforço mental.
Assumir o desafio de aprender algo novo, de dominar uma nova tecnologia por exemplo, ou de conhecer uma nova tese jurídica, se trata de ingressar na zona da incompetência consciente.
Qualquer gênio pode ingressar nessa zona de desconforto, na zona da consciência da incompetência em determinado assunto.
Esta é a Curva de Aprendizado padrão:
Mas há um caminho para sair desta zona mais rapidamente
Sabendo como a aprendizagem funciona é possível acelerar seu processo. As 5 etapas do processo de aprendizagem são:
- Compreender;
- Reter;
- Praticar;
- Disseminar;
- Criar.
Compreender
Muita gente acredita que ao compreender algo significa que aprendeu.
Pois veja só, entender é importante, mas com certeza não o suficiente.
Sem entender, com certeza não aprenderá.
Porém, mesmo tendo compreendido, saiba que ainda falta um caminho a percorrer para que você possa considerar que aprendeu.
Reter
Memorizar também é importante
Ao conseguir guardar na memória uma informação ou ensinamento que você recebeu, começa a adquirir algo que lhe pode ser útil.
orém, a retenção da informação não é garantia de aprendizado. O cérebro tende a descartar a informação retida e não utilizada na fase adulta.
Quando criança, o cérebro é como uma esponja, um pendrive novo, que quer reter toda a informação possível. Na fase adulta, ao contrário, começa a faltar espaço, e o dispositivo cerebral começa a descartar informação sem utilidade prática.
Novos advogados, especialmente os jovens, pensam que irão conseguir guardar as informações de todos os seus clientes, e isso de fato ocorre durante os 5 primeiros anos. Após esse tempo, percebem que os casos dos novos clientes tem mais dificuldade de memorizar, mas os casos dos primeiros anos lembram como se fossem ontem.
O cérebro guardou quando tinha espaço, a informação foi muito utilizada, mas agora o cérebro pensa que esta informação antiga é relevante e não descarta, enquanto a nova que ainda não foi tão utilizada é descartada.
Por isso, utilizar a informação é fundamental para garantir o aprendizado.
Praticar
A terceira etapa do aprendizado é colocar em prática
Quando leva a uma ação, o conhecimento começa a gerar algum resultado prático, algo que efetivamente traga riqueza, melhorias, evolução no sentido mais geral.
Colocar em prática não é tão simples como pode parecer, pois envolve algo muito complexo na natureza humana, mudança de hábitos.
O ser humano é uma “máquina de repetição”. Quando aprendemos a fazer algo, normalmente continuamos a fazer da mesma forma até o fim de nossas vidas.
Apenas mudamos algum hábito quando algo relevante nos força a isso, pois mudar hábitos significa “sair da zona de conforto”, demandando esforço e disciplina.
Para superar a barreira de mudar hábitos e colocar um conhecimento em prática, duas “forças” são importantes, motivação e cobrança.
Motivação significa compreender os benefícios, o real valor deste conhecimento. Em outras palavras, uma pessoa empreenderá a energia necessária para colocar o conhecimento em prática se compreender “o que eu ganho com isso?”.
Porém, muitas vezes compreender o valor não é suficiente para justificar o esforço. Isto ocorre por dois motivos principais:
- Por que o benefício maior é de outra pessoa ou entidade: pode ocorrer que o maior beneficiado por aquela mudança seja a empresa ou o gestor, por exemplo, em vez de a pessoa que precisa realizar o esforço da mudança;
- Por auto sabotagem: o ser humano não é tão racional como gostamos de imaginar. Todos nós fazemos muitas coisas que são prejudiciais a nós mesmos. Às vezes por não sabermos, mas na maioria das vezes, mesmo tendo plena consciência. Quanta gente fuma, mesmo sabendo que o fumo é prejudicial à própria saúde? Quantas dicas você já não recebeu e concordou, porém na hora de aplicá-las você esquece? Ou lembra, mas mesmo assim age como sempre agiu?
Quando a motivação (força interna) não é suficiente para levar à mudança do hábito, uma força externa é o que pode levar a isso: Uma “cobrança”, uma determinação de um superior hierárquico, da empresa, pai, mãe, marido, esposa, amigo, etc.
Disseminar
Utilizar o que aprendeu para ensinar outras pessoas é um belo avanço neste processo.
Você já se beneficiou deste ensinamento ao chegar à etapa 3 e agora pode ajudar outras pessoas a alcançar os mesmos benefícios, transmitindo adiante este conhecimento.
Sim, disseminar o conhecimento tem um lado altruísta, o que para a maioria das pessoas já seria motivo suficiente para alcançar esta etapa.
Porém, não são apenas os outros que se beneficiam desta fase. Ao ensinar, você estará fixando ainda mais o que aprendeu e pode aprender ainda mais sobre o assunto.
Criar
Criar é o nível máximo de domínio de um conhecimento. Inventar soluções dentro de um sistema ou gerar novas utilidades é a prova da maestria.
Estilos de aprendizagem
Cada ser humano possui um estilo próprio de aprendizagem, que combina a audição, visão e as sensações.
Ao realizar a implantação do software ou ensinar uma nova função para uma equipe inteira, talvez algumas pessoas entendam com mais facilidade com uma explicação apenas.
Se esta explicação não acompanhar uma demonstração no sistema, é bem possível que 24% das pessoas entenda, e as outras 76% não.
Fazendo uma demonstração visual acompanhada do explicação falada, a tendência é que se alcance um percentual de 71% de time, o que representa um resultado bem melhor.
Porém, os cinestésicos não terão alcançado a Compreender, e podem criar resistência ao uso do software.
Da mesma forma, os visuais e auditivos podem ter compreendido a explicação, e até mesmo tenham chegado na fase de Reter a informação. Porém, o processo de aprendizagem não está concluído.
Somente poderá ter se alcançado o aprendizado no momento que cada usuário realize as tarefas propostas no software, e passem pela fase Praticar.
Neste artigo, você encontrou tudo que precisa sobre etapas de aprendizagem no treinamento de adultos!
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